terça-feira, 29 de junho de 2010

De onde vêm os asteróides




Gary Orelha-Seca era um detetive frustrado, cujo caso mais interessante fora o do sumiço de um pé de couve, encontrado por ele, dias depois do comunicado oficial de seu desaparecimento, bêbado e malquisto na zona baixa da cidade, nos arredores do cais do porto, bebendo lama medicinal e cantando Il Trapo e la Putana, em alto e dissonante trinado.
Certo dia, cansado de tanto colher madeira podre dos cantos da unhas, interpelou sua quase sempre calada secretária, Patsy Cuzinho:

Hey, Patpaspartout, vem cá afagar minha benga, vem!

Sem mirar Gary nos olhos, mas ainda respirando, a pobre moça, em cujos seios crescia abundante forração de maquis-garrique, não teve outra alternativa a não ser pular da janela, estabacando-se à calçada do nauseabundo prédio no fim do Soho, gritando em sua queda de nove andares:

Fui à merda, fui ao zoológico! Malditos sejam todos os eleitores de governistas babaquaras, malditas as portentosas tetas de Phil Aldermann!

Lá de cima, aturdido, Gary acendeu seu último cigarro, com a última carga de gás do isqueiro que seu pai havia trazido das Seychelles, em viagem à busca de cocos para masturbação.
O volume molar da carga não chegou a 3,45ng/L X 10²³.

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