quarta-feira, 30 de junho de 2010

A coragem no coração das trevas


O meu nome é Roadkill, e eu não tenho pâncreas.

Pensou consigo mesmo o malandro decadente Bóvias, ao morrer eletrocutado enquanto tentava felar uma corrente elétrica de altíssimas idagem e voltagem, sem perceber que trazia descalços um pé e três filhos homens, sem nome específico.

Ao voltar pra casa, que ficava no Queens, encontrou a famigerada gangue dos Stone Age Temple Pilots, cujo líder, Muthafuckanigga II, o interpelou:

Aonde pensas que vais, assim, tão brejeiro, filho de uma que ronca e fuça? Vamos espancá-lo até à apnéia!

Mas Bóvias, faixa-preta em ansiolíticos, não se fez de rogado. Meteu uma pedra numa funda e a girou, gritando:

Agora eu quero ver, cambada! Agora eu quero ver quem se habilita! Irão todos se arrepender do dia em que Milton nasceu, clube de letreiros de esquina!

Iracundo, Bóvias girou tanto a funda, que levantou vôo, atingindo os fios mais altos e explodindo em um milhão de pedaços de durazno desidratado, que foram mais tarde recolhidos pelo Exército de Salvação.

Ao chegar em casa, fora recebido com grande festa pela esposa Assíntota, especialista em fodas geométricas e marzipã, e pelos filhos: Cambeba, Ginkob Lobah e a pequena Xoxota, menina bastante precoce.




Lopes, o viajante desconfiado


Havia, na cidade de Tizias, norte da Samotrácia, um lugar conhecido como Platô da Fulô, um bar frequentado por marinheiros lésbicos e tiranetes carecas exilados. Certa feita, passou por lá um viajante de nome Lopes, famoso por suas incursões no dodecafonismo pós-moderno e fudelanças pagas pelo governo tcheco, em épocas de colheita de figo.
Lopes foi bem recebido por todos, com guloseimas e beberagens mil e uma e novecentos e cincoenta, mas um dos marinheiros, sentado ao fundo do bar, estancou em impropérios ao viajante:

Orongo dado, orongo suado... hei de mostrar-te o caminho do plenilúnio, bárbaro infeliz e meditabundo!

Sem reação, Lopes apenas olhou, quando imensa tora de sequóia adentrou a janela que dava para o patíbulo e a carioteca pública, acertando em cheio o vômer do marinheiro, estilhaçando sua existência pelos séculos e séculos.
Feliz e pimpão, Lopes pagou uma rodada a todos, que cantarolaram:

Roda na benga, roda no cu, quem manda nessa porra é o grande Ataxerxes, o Aleivoso!

Desse dia em diante, remanescentes da detènte acendem uma vela ao Santo Exu Pery e apostam altas somas em dinheiro em cobras que engolem elefantes.

terça-feira, 29 de junho de 2010

O Cânhamo na Masmorra



Trigolé era um fazendeiro rampeiro e dava pra todos os peões e capatazes das propriedades vizinhas. Um belo dia, encontrou, por puro acaso, um cigano de nome Abotrops, que lhe ensinou a escrever de trás pra frente:

Faça isso, faça direito, gajô... osac (que é 'caso contrário' em ciganês paladino) ferverei tuas tripas em óleo de linhaça e perceves!

Sem titubear, Trigolé voltou pra casa e pôs-se a renomear os bichos, os móveis e as cores de sua tinturaria em Delaware, fato que causou grande comoção por vários lugares da grande nação, exigindo uma ação rápida e direta do Exército, que bombardeou a propriedade de Trigolé (o belo Rancho Marcha) com massiva chuva de megatons.

Ao ver que não escaparia, Trigolé ainda teve tempo de correr para o estábulo e soltar seus poldros:

Corram, cavalinhos, corram, antes que se fodam!

Mas, os cavalos não atenderam, pois Trigolé devia ter gritado sohnilavac em vez de cavalinhos, visto que a nova regra dos nomes já havia sido assimilada por ali.
Sendo assim, morreram todos e, sobre o lugar, foi erguido um monumento, em forma de obelisco, aos combatentes mortos no Vietnam, vitimados pelo tifo.

O Polvo e a Retroescavadeira



Havia um polvo de nome Patrapúlbedras (que os persas chamavam Patr'al Polb- Edrash e os irlandeses, Pat) que costumava passar as férias de seu emprego, como caixa-eletrônico em Boston, nos mares de cetim da Normandia.
Certa feita, enquanto comia farinha e pão grelhado na companhia de senhoras fundistas chupadoras de caralhos energúmenos, foi abordado por uma retroescavadeira de nome Eugênia, a qual vendia pés de moleque, rins de ninfeta e salamaleques nas praias daquela região:

-Vai doce aí, ô bacana?

Ferido atrozmente no âmago de sua célere inteligência, Cedric Sinclair, III (nome dado a Patrapúlbedras por seus companheiros da kappa-beta-lambda-australásia, em Leicestershire) sacou de um tomate envenenado e nauseabundo e atirou-o à sua interlocutora, gritando:

Engula plasma, renegada!

Eugênia que, na hora da agressão, ria-se como uma depauperada, levou a tomatada bem no centro de sua glote, o que fez com que engasgasse e morresse imediatamente, sem chance de reprimendas.
Vitorioso, o polvo voltou à cidade e comprou uma camisa do Palatinaikos. Ainda hoje é possível vê-lo por aquelas paragens, tocando gaita de foles e felando advogados suspeitos de desvio de verba e sonegação de impostos.

A camponesa afoita






Hijurrólia era uma camponesa comestível, dessas que se encontram sentadas em privadas portáteis em pontos de ônibus, contando fadigas e percalços a maníacos-depressivos embucetados. Certa vez, andando pela floresta, Hijurrólia topou com o pé na raiz de um olmo e faia e salgueiro chorão que exclamou:

Ui, ai! Devassa empertigada e praseodímia! Nunca mais faça isso comigo!

Pedindo mil desculpas, Hijurrólia continuou seu caminho, assoando o nariz e mascando chiclé, sem se preocupar com roupas no varal ou radicais livres fazendo a festa em seu organismo.

Dois dias e uma noite cheia de vaga-lumes depois, caiu estafada próximo a um bosque de trypanossomas cruzi, que choraram sua morte, com ais e ranger de dentes, tomando seu corpo inerte nos flagelozinhos e cantando com voz rouca e empedernida:

Triste moça, pobre moça! Bucetinha, bucetão, bucetarra, bucetaz... choremos, choremos, irmãos!

Com a cantoria, a moça acordou e, mais célere que a faísca, sacou de uma Desert Eagle .50 e atirou em todas as direções. Acontece que lá estavam, atocaiados, três remanescentes da detènte que, com seus toscos e enferrujados rifles, puseram fim à vida da camponesa, num átimo, tendo ela tempo de dizer antes de morrer:

Algozes! Látegos! Chonfralhas! Não têm cu, não têm pedra-pomes!

E foi assim que mudaram o nome do Ceilão para Sri Lanka, em homenagem a Sir Lancaster, que cagou e andou.

Das manchas na lapela de um mouro




Limbofrécito era um humilde pensador de feridas purulentas. Criado nas ruas esgueirudas de Pilosa, pequena ilhota zinha inha inha das Honduras Britânicas, desde cedo aprendera a se virar com o que achava no lixo das casas grandes e dos restaurantes.
Certa feita, ao passar por um monturo lobato, Limbofrécito se deparou com um bicho. O bicho não era um cachorro, não era um gato, não era um rato, não era um dragão de Komodo... o bicho, meu Deus, era um cabide de cisterna, de nome Havvakusptas, a quem Limbofrécito interpelou:

Ó suribundo alamano! Saí! Saí de minha pândega, para benefício de tuas vilosidades intestinais e epigastro!

Sem dar ouvidos a tamanha injúria, o cabide deu-lhe de ombros e continuou almoçando totoso um pedaço de garoupa lésbica.

Limbofrécito morreu ali, de fome, de frio, de kwashior e tristeza, para grande júbilo de Havvakusptas, que entrou em seu cabriolé envenenado e disse a Vin Diesel:

Vamo-nos, careca! Roma não foi sodomizada em Cartago.

De onde vêm os asteróides




Gary Orelha-Seca era um detetive frustrado, cujo caso mais interessante fora o do sumiço de um pé de couve, encontrado por ele, dias depois do comunicado oficial de seu desaparecimento, bêbado e malquisto na zona baixa da cidade, nos arredores do cais do porto, bebendo lama medicinal e cantando Il Trapo e la Putana, em alto e dissonante trinado.
Certo dia, cansado de tanto colher madeira podre dos cantos da unhas, interpelou sua quase sempre calada secretária, Patsy Cuzinho:

Hey, Patpaspartout, vem cá afagar minha benga, vem!

Sem mirar Gary nos olhos, mas ainda respirando, a pobre moça, em cujos seios crescia abundante forração de maquis-garrique, não teve outra alternativa a não ser pular da janela, estabacando-se à calçada do nauseabundo prédio no fim do Soho, gritando em sua queda de nove andares:

Fui à merda, fui ao zoológico! Malditos sejam todos os eleitores de governistas babaquaras, malditas as portentosas tetas de Phil Aldermann!

Lá de cima, aturdido, Gary acendeu seu último cigarro, com a última carga de gás do isqueiro que seu pai havia trazido das Seychelles, em viagem à busca de cocos para masturbação.
O volume molar da carga não chegou a 3,45ng/L X 10²³.

O Lápis Genuflexo



Era um bom dia pra morrer, quando Platelminto Solitaire viu as uvas pela primeira vez.
Analisando fria e decididamente a situação, pensou em dar cabo da própria vida de Penélope Piamontese, sua esposa (Pené Descartes, como era conhecida nos cabarés de Baden Baden a Powell Powell, era dada a folguedos envolvendo chumbo e impressoras matriciais de setores burocráticos seldjúcidas, isso quando não bancava a Lady Go Go Diva dos pinheirais de Riga. Tony, seu amante das quartas-feiras, jogava squash com bolas sebentas feitas de restos de cirurgia de tireóide, que ele conseguia sempre depois de ser felado copiosamente por Sookie Susan, enfermeira do Hospital Geral de Cconnecctticcuttie cutie), ao descobrir que ela havia servido feijão romeno no almoço oferecido por ele às Senhoras Claudicantes Vítimas de Estupradores Legionários Macedônios.
Em vez disso, pagou um tílburi, que o levasse até o Passeio Público. Ali, encontrou Tony, o safardana que deixava as coxas de sua Pené embebidas em água de Colônia:

Eis o fanfarrão acintoso! Peidaste muito, da última vez que se grafitaram, vilão?

Sem saber o que fazer, pego de surpresa com as calças round his ankles, Tony jogou um punhado de terra nos olhos de Platelminto, que, se esquivando, bateu com a cabeça num trôpego gerifalte a que faltava uma das asas e que procurava alimento fresco naquelas redondezas bastas em cocós e piupius e disse, antes de morrer de leptospirose congênita:

Puta que não me pariu... que falta me faz aquela taça de gin oferecida por Ciclard Finnes, o Furibundo, quando estive em missão às Baleares, para emitir mensagens de paz e solidariedade aos povos e gentes que não têm o que comer.

Perto dali, uma rosa nasceu entre os dedos de uma estátua priápica, em cujos êneos glúteos, picharam em carmim:

Bundinha.

O Monge Parrudo




Num mosteiro não longe dali, não perto miró, o monge Thelonius tocava seu piano de cauda de pêssego e lima da Pérsia, quando passou por ele o Irmão Grande, conhecido por ser um fradalhaz bicepudo e largo em extensão diametral (era um BBB de proveta, capitão de corveta e filé grelhado de corvina). Ao ser interrompido pela sombra do avantajado frei, Thelonius esbravejou:

Chupa, que é de Panzer, incomensuravel cocó! Toma na lata o pão dos teus dias!

E disparou uma cusparada rica em ptialina que cobriu a cara do abade-abadá-abadom, partindo-a em mil pedaços.

Célere feito a mosca tsé-tsé-tung, o monge musicista pegou os cacos da cara do irmão e usou como confeito de um lindo e delicado bolo de ameixas, que serviu para os companheiros e para a garotada daquela vila, que nunca viu outro dia tão feliz.

A dracma e o melão azedo




Espumosinha era uma moça recatada, colecionadora de óvulos imênstrues e panelas Tramontina. Numa ocasião, ao sair de casa para comprar bolóis, foi interpelada por um janízaro de capa e espada, aparentemente aturdido:

Mas que parangolé de símios! Se não é a rainha deposta do Oásis da Tâmara Jura!

Sem ter pra onde correr, mas munida de um galho de arruda, Espumosinha replicou ao brávato:

Não vem que não tem, mourisma! Capo-te o Truman, antes que possas doutriná-lo!

O janízaro, cujo nome era Lidash, não quis deixar mais nervosa a moça e propôs que jogassem ajedrez, mas, nem tirou da túnica o tabuleiro, foi trespassado por uma alabarda flemish do século XII, habilmente brandida por Espumosinha, que disse, olhando-o nos olhos e rilhando os dentes gastos pelo escorbuto:

Soubeste-te bem o acepipe, hã, magano dos maganos, sacripanta polonês polido!?

Assim, Lidash morreu. Não deixou filhos e teve sua fortuna doada ao Banco de Sêmen de Portland, ganhando, lá, um corredor com seu nome.

O Verme e a Cigarra e a Formiga



Havia uma barata na careca do inselberg. Uma vez, passou por lá um caixeiro-viajante ouriçado, de nome Satanágoras, e plantou um cone sobre seu cimo.
De onde menos, se esperava, um feroz e aturdido cânforo saiu e esmigalhou a carne do viajante que gritava entre seus dentes:

Ulaláááá, ululuuu... não tenho pai, não tenho mãe, não tenho um cão andaluz!

Anos depois, ao passar por ali um outro caixeiro-viajante (rugoso-de-ribossomos), de nome Rompe-Tíbias Sarraceno, o cânforo foi facilmente vencido em luta corporal clegg e, do ventre da besta, Tíbias tirou um quadrado, que plantou ao lado do cone, dando origem ao Senegal.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O ponto e a aspa




Anestarco Trilobita era um corretor de imóveis mais imóvel que correto e andava tricotando gado leiteiro para conseguir arcar com os ônus de uma família grande e cassiopéia.
Certa feita, sua filha Rabelais engravidou de um aleuta e esperava alíquotas gêmeos univitelinus-pauling e pediu dinheiro ao pai:

Dá-mo! Dá-mo, que urjo gastos!

Sem tirar a mão do bolso, Anestarco correu pela casa em ziguezague, até cair morto de psicopompas no enterogastro, dizendo, antes de expirar:

Ai de ti, Copacabana, ai de ti, Apolinária, ai de ti Jaboatão!

Longe dali, um galo aprendeu a atirar e juntou-se a três remanescentes da detènte, ganhando um rifle tosco e enferrujado e alguns amendoins carunchados, que serviram de ração por longos dias.

O sacristão e as botas


Garamond-Turner era um sacristão que se alimentava de pão sovado e bisnagas com queijo. Certa vez, ao passar em frente a uma loja de cálices, foi abordado por um clister:

Maldito seja! Maldito seja pela eternidade! Você roubou minhas anáguas e irá pagar!

Aturdido e apalermado, Garamond-Turner apanhou um cabriolé, de pronto e disse ao condutor:

Siga aqueles estercorários!

Mas, o condutor era surdo e, além disso, teve um infarto fulminante logo que percebeu que as botas carmim de Garamond-Turner estavam sujas de bolos fecais asininos.

O clister não se fez de rogado e dançou em volta do corpo do condutor, cujo nome era Moshe Mosaika Papanopoulos, de origem delo-judaica, para grande desespero de Garamond-Turner e da Senhora Cu de Rapariga (que assistia a tudo da janela de seu loft).

E foi por isso que o prefeito de Siracusa proibiu os cidadãos de lavarem alho antes de fritá-lo, durante seu mandato.

O Aardvark e as Uvas


Globisbrunte era um aardvark andejo, que gostava de filmes B e coca-cola cuspida. Certa feita, passeava ele pelo sul da França, pesquisando cantigas medievais, quando, ao passar por um vinhedo, encontrou-se com o Diabo, disfarçado de poeta dadaísta, que disse a ele:

Essas uvas são deliciosas!

Globisbrunte se assustou e morreu cinco vezes, sem conseguir matar o chefão daquela fase e o Diabo se ria, exalando um perfume de cocô coalho, empesteando o ar.
Apareceram, então, três remanescentes perdidos da detènte e sentaram bala nos dois, com rifles toscos e enferrujados e, a partir desse dia, os vinhos daquela região passaram a transmitir tétano a quem os bebesse.