segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ninfa e Discóbolo


Dubadubá Bougainvillea era uma ninfeta ardilosa, cheia de cucus e meias-soquete sujas de sêmen coalho, de gerações e gerações de soldados do Corpo de Bombeiros de Sofia. Certa feita, ao voltar de uma noitada em um puteiro alíquota disfarçado de brechó, passou por um mendigo tresandando a milho, que a interpelou:

Mas balança os bulangos, a pacoviazinha... bem merecia que eu lhe esporrasse nos miolos, enfiado em seu ouvido!

Apesar de estupefacta, a serelepe Duba Boca-de-Palimpsesto (era chamada assim, por um poeta de três mamilos, morador de uma república de estudantes) gostou da ideia e, rasgando a meia-calça com uma serra-mármore, sentou-se sobre o colo do mendigo, com olhar desafiador e oblíquo de cigana descabaçada:

Quero ver se tem agulhas nas bolas... põe pra fora esse cocó, para eu felar!

O problema é que o mendigo (chamado pelos assistentes sociais locais de Fontainebleau Gonococcus) não tinha pênis tal João de Santo Cristo, o que muito irritou Duba, que irrompeu em pragas:

Maldito, troca-buçanhas, jangadeiro de mil escopetas! Peida sem mágoa, num albor de nuvens!

E, dizendo isso, arremessou o maltrapilho eunuco de cima de uma ponte, espatifando-o sobre o leito de um rio morto, onde boiava, podre, um cachorrinho feito de batata e palitos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um banquinho e um violão


Cruvinel Benton era um cozinheiro frustrado, desde que perdera o primeiro lugar de um renomado concurso gastronômico ocorrido em Heracleia, para o insuportável chef francês Gugu Promenade, e sua saladinha pastosa de pomme-de-terre com pupas.

Cansado de dar murros em pontas de cigarro, um dia resolveu que seria Jesus, e pôs-se a pregar em montanhas e colônias de leprosos. Numa dessas, conheceu Gazofilácia, que seria musinha charmosa de suas punhetas, a partir de então. Não sabendo muito bem como abordar aquela moça faceira, que deixava pedacinhos rotos de sua bunda, onde quer que se sentasse, resolveu utilizar-se da velha artimanha leonina, no cumprimento de disposições mais ousadas:

Gasolina para os operários! Há um espinho na minha mão, badodinha... faça alguma coisa!

Assustada com a falta de decoro do agnus dei de avental, Gazofilácia fugiu gritando, espantando os cavalos-jume que pastavam nos arredores:

Mas é uma porra sem juízo esta vida! Onde já se viu? Onde já se viu? I want my money back!

Mas, sem se dar conta de que caíra no ardil do esperto gourmand, pisou numa mina terrestre e esboroou-se pelos ares, sobre a risada tripudiante e priápica de Cruvinel, que dançava, de membro em punho:

Mandacaru quando pega um pra cristo é sinal de que as escunas jamais deixarão Málaga!

Daquele dia em diante, Cruvinel deixou de comer Negresco, e se mudou para Michigan, onde passa trotes telefônicos com sussurros sensuais, para as seis esposas sebentas de um alfandegário.