quarta-feira, 7 de julho de 2010

O caixeiro-viajante ouriçado


À Paula, uma belíssima paulistana, de quem fui amante em outra vida.




Catherine Luvmetender era uma godiva do jazz que vivia isolada em uma torre de ébano, marfim e pantomimas, e passava os dias acariciando seu serval Caronte e comendo bruschettas de pleonasmo com bolachas cabaçudas de água e sal (que eram, na verdade, ostras de manteiga molusca, radioativa na fonte, trazidas dos Bálcãs por galeões-fantasmas).

Numa noite summertime de outono, bateu a sua porta um mascate de nome Sigurd Rompe Mato, que havia se perdido depois de terrível tempestade no Bósforo, e que implorou por abrigo, tão logo ela abriu a porta:

I'm a stranger, baby, I just got in your town... mas vai ser gostosa assim lá na casa do Streptococcus Japanese Mantega!

Sem saber direito o que fazer, ela o deixou entrar, e para acalmá-lo, cobriu-o com mantas, serviu-lhe chá de tília de Pensacola e foi até ao piano, tocar um foda-se.

Ao ver aquilo, Sigurd tomou de sua espada Claymore e bradou:

Casa-te comigo, ou passo meu esfíncter a fio-terra de espada!

Sem pestanejar, Cathy Troubador-Cocotte (Catherine assim era chamada por Wesley & os Naipes, famosa trupe de neguinhos tocadores de metais pesados, em New Orleans n' Bragança) tirou do piano uma cauda de estegossauro e deu-lhe uma lambada nas fuças marianas do forasteiro, derrubando uma de suas metades no carpete e jogando mais duas, janela abaixo.

Arrastando-se, agonizante, até à cozinha, Sigurd ainda teve tempo de dizer, antes que o sangue lhe parasse de correr no cérbero:

Mmmm...mmmm...

Naquela noite, um caminho de flores azimutais exalou um aroma de passiflora por toda a cidade, que nunca mais acordou.

Caronte mudou-se para Niterói, depois do ocorrido, e ganha uma baba na travessia para o Rio de Janeiro.

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