terça-feira, 6 de julho de 2010

O peidorreiro destemido


Borbarakk era um pescador aposentado, afogado em dívidas, de vida naufragada, que perambulava pelas ruas de Memphis, com um realejo desafinado, tirando a sorte pras pessoas de bem.

Certa vez, foi acometido de uma crise flata, justamente no dia de São Pataputas, padroeiro dos rebeldes sem causa urgente. Contudo, precisava garantir seu pão, sua comida, todo amor que houver nessa cidade de gente marrenta, e, mesmo com todas aquelas pessoas por perto, ia soltando, ali mesmo, uns peidinhos muito dos sem-cerimônia.

Acontece que, na ocasião, estava na cidade um perigoso e olegário estivador, dado a palestras tortas e afrontamentos diretos, de nome Sinuoso, que era conhecido por sua maestria na arte da capoeira e do fagote. Ao passar pelo realejo de Borbarakk, o tranca-ruas parou:

Fee, faa, foo, foam... sinto cheiro de tumbebas. Acaso comeste, ontem, as tumbebas de minha horta?

Pego em fragrante delito, Borbarakk sacou rapidamente uma calculadora e, com inacreditável frieza, dividiu o valentão por 9, fazendo com que suas tripas fossem parar, significativamente, do outro lado da vírgula. Antes de ser seccionado, porém, Sinuoso ainda gritou:

Tomei no cu, pra largar de ser condricte! Malditas tumbebas! Triste fim pra um isoldo!

Aclamado como novo herói local, Borbarakk foi esquartejado em praça pública, pra grande alegria daquela gente humilde, que não via algo assim, tão magnífico, desde a chegada do transatlântico Gozador àquele porto, décadas atrás, quando a cidade passava por uma crise gravíssima de abstinência.

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